Pontos altos da semana

• Passei uma manhã no pico. O pico é uma espécie de miradouro com uma vista linda para o mar, mais especificamente para a onda de Santana. A maré estava vazia e o mar grande, por isso não entrei. Fiquei sentada no pico a manhã toda, a ver surfar, a tirar fotografias com a câmara do António, a ouvir música, podcasts, a ler, a rezar, a conversar com quem apareceia, etc. Gosto daquele sítio. Estou a ler o Equador, do Miguel Esteves Cardoso. Ainda só vou no terceiro capítulo e estou a adorar. Fala muito de São Tomé. A Ana diz que é uma escolha pouco original, porque toos os voluntários que vêm para aqui trazem o Equador para ler. 

• A comida estava a acabar e precisámos de ir à cidade. Como tínhamos combinado com o nosso amigo taxista, que também é costureiro (aqui costureiro é mais profissão de homens do que de mulheres, ao contrário de Portugal), ir ver tecidos para ele nos fazer umas peças, fomos com ele á cidade. O plano era só ir às compras e ver tecidos. No entanto, passámos a manhã inteira com ele. Fomos fazer compras a vários sítios diferentes. Um deles é o supermercado CKdo (diz-se “sécádô). Aqui encontramos uma grande variedade de produtos (muitos deles portugueses da marca pingo doce)-coisa que até agora não tem sido fácil de encontrar. Estávamos no paraíso. Problema: os mesmos produtos portugueses custam 4 vezes o preço de Portugal. Uma piza do pingo doce que em Portugal custa 3€, aqui custa 12€. A única coisa que é mais barata e que compensa comprar aí é a água. Fomos também visitar um bar chamado Pico Mocambo - bar turístico, a sua especialidade é a gravaninha, uma espécie de caipirinha. Fomos ver tecidos a 4 sítios diferentes. Gostei de vários mas como estou em contenção de custos não comprei, fica para o próximo mês. Os tecidos africanos são lindos e eu quero 50 vestidos de todos os padrões, se faz favor. Parámos ainda numa loja de artesanato de um amigo do nosso amigo que faz coisas muito bonitas em madeira. Vi vários brincos muito giros mas consegui conter-me. O António anda à procura de uma camisola específica e parámos em todas as lojas que pudessem vendê-la. Fomos a uma loja onde é mais barato comprar azeite, e, por fim, ainda parámos numa loja para eu levantar dinheiro. É uma senhora que tem uma loja de texteis para quem eu tenho de ligar com antecedência a dizer o montante que quero levantar, envio por MBWAY para a conta portuguesa dela e ela dá-me em dobras. Não sei se isto é legal, mas é muito prático e aqui também nada é muito bem controlado e estes negócios existem aos milhares. Voltei de carteira cheia para casa. Por todas estas voltas, o rapaz apenas nos cobrou 45 dobras (menos de 2€). Foi muito simpático. Lembram-se da Hiace que se atrasou 1 hora no outro dia? Foi esta. Compensou o atraso.

• O António andava há algum tempo a dizer que queria cortar o cabelo. Um dia em que tivémos pouco trabalho, fui com ele e mais uns locais a um barbeiro aqui da vila, recomendado por um amigo daqui. Como qualquer pessoa com amor ao seu cabelo, o António estava um pouco receoso, mas como tinha sido um amigo a recomendar, confiou. O barbeiro começa a cortar-lhe o cabelo com o pente acordado entre os dois e tudo estava normal. Do nada o António solta um berro. O senhor cortou muito mais do que ele queria. Ups! Saiu de lá com o cabelo quase rapado e traumatizado. No caminho de regresso a casa disseram-nos que àquele barbeiro só se pode ir até às 10h da manhã. A partir das 11h ele está bêbedo!!

• Tal como já referi, estou em contenção de custos. não porque me falta dinheiro, mas porque estou a tentar não gastar mais que um X por mês. Decidi que não vou comprar mais nada até acabar o que comprei para comer. Como tinha muitos legumes comprados no mercado, fiz uma sopa. A sopa tem abóbora, feijão verde, cenoura, beterraba, cebola e tomate. Está muito boa. Estou orgulhosa. Vai ser o meu jantar nos próximos 5 dias.

• Fui à missa pela primeira vez desde que cheguei. Há uma igreja mesmo ao lado de casa, o que é bom. Gostei mesmo muito. Estranhamente, senti-me me casa. Fui sozinha, estava rodeada de estranhos, mas todo aquele ritual que acontece em todas as partes do mundo deu-me um quentinho no coração e foi-me familiar. A missa aqui demora 2 horas e as músicas são muito animadas. Batem-se palmas durante os cânticos e tudo. Gostei!